Carlópolis - Tanques Rede

Projeto Desenvolvido com o apoio do Instituto Emater, colabora na geração de renda, melhoria da qualidade de vida e preservação ambiental no Município de Carlópolis.

Em 2006, em Carlópolis foi idealizado um projeto denominado Tanque-rede, em uma reunião com grande participação de pescadores profissionais artesanais, entidades governamentais, sociedade civil e lideranças políticas. Nesta reunião, foram levantadas algumas questões relacionadas à pesca predatória e alternativas de renda para as famílias de pescadores do município. Os pescadores profissionais artesanais são enquadrados como agricultores familiares, categoria prioritária do Instituto Emater.

 

O objetivo do projeto é de gerar renda para os pescadores profissionais e suas famílias, que realizam a pesca artesanal na Represa de Xavantes, paralelo à diminuição da pesca predatória. Além de servir de referência para implantação de futuros empreendimentos na área da aquicultura em águas interiores.

 

Portanto para dar continuidade ao projeto, foram realizados vários cursos pelo Instituto EMATER em parceria com o SENAR-PR para capacitação dos futuros aquicultores. O grupo inicial de beneficiários era de trinta (30) pescadores e hoje, em 2012, acabou reduzido para doze (12). Também foram realizadas excursões para visitação aos empreendimentos já implantados, para que os pescadores pudessem ver na prática a atividade e, através da troca de ideias conhecerem qual a realidade da produção de peixes em tanques-rede.

 

Aproximadamente 18 meses depois, o projeto “Tanques-redes” estava em fase de execução. O poder público municipal foi um grande incentivador da proposta, que foi elaborada em conjunto com o Instituto EMATER. As licenças foram concedidas pelos órgãos competentes e assim o projeto teve início em janeiro de 2008. As instituições vinculadas, participantes do Projeto são: Colônia de Pescadores de Carlópolis, Prefeitura Municipal de Carlópolis, Emater, Seti – Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, Governo do Estado do Paraná, Ministério da Pesca.

 

Inicialmente foram instalados 40 tanques, posteriormente esse número já saltou para 124, pois existiram recursos para pesquisa que foram alocados no projeto. No ano safra 2010/2011, por iniciativa dos próprios pescadores, o grupo decidiu agir de forma mais arrojada. Por meio do Pronaf, utilizando o Fundo de Aval Estadual, um grupo de 10 pescadores adquiriu mais 100 tanques-rede. Segundo o Zootecnista, Murilo Rodrigues Shibata, extensionista local do Emater de Carlópolis, “a atitude empreendedora do grupo ao buscar o aumento de escala de produção, hoje possibilita que os mesmos pescadores, tenham uma renda aproximadamente seis vezes superior à média dos pescadores de Carlópolis que não participam do projeto”.

 

Para a próxima safra 2012/2013, o Projeto espera contar com mais de 300 tanques em produção, pois recentemente foi feita mais uma aquisição. A nova remessa adquirida é constituída de tanques pouco maiores em capacidade, e de aço inox, material mais resistente ao incrustamento do mexilhão dourado.

 

Um dos aquicultores do grupo, Osvaldo de Miranda Santos, morador há 52 anos no município de Carlópolis, é pescador desde os dezoito anos de idade, e comenta que “a renda melhorou muito depois do projeto e que espera que em breve poderá se manter apenas com o projeto”. Isto porque muitos dos pescadores moram na cidade e tem outra atividade não pesqueira, trabalhando como pintores, pedreiros e diaristas nas propriedades rurais.

 

Outro pescador, Walter José Salles, mais conhecido como “Zequinha”, conta que “ também está na atividade pesqueira há mais de trinta e cinco anos e que tem carteira assinada de pescador artesanal profissional como todos do grupo”. Ele também comenta que o Instituto Emater acompanha o projeto desde o início. “Hoje, com o apoio e orientações técnicas do zootecnista Murilo Shibata, a atividade vêm crescendo, e o futuro é desenvolver mais ainda, pois os pescadores vêm trabalhando para a formação de uma cooperativa e espera-se aumentar ainda mais o número de tanques”, disse.

 

O projeto todo tem potencial para produção de mais de 160 toneladas de tilápia por ano. Além disso, tem licença para implantação de mais 550 tanques-rede. E o sonho destes aquicultores é a construção de uma instalação legalizada para beneficiamento do pescado, que contribuirá para agregação de valor ao produto e assim aumento de suas rendas. Todos os aquicultores do projeto também têm a clara noção de que o empreendimento tomou grande dimensão comercial, e o processo organizacional para comercialização do pescado provavelmente ainda será realizado por meio da cooperativa.

 

“O resultado do projeto superou em muito a expectativa, pois a iniciativa dos próprios beneficiários de sair da inércia de esperar tudo de outras fontes possibilitou que eles chegassem onde estão hoje”, disse o extensionista do Emater, Murilo complementando: “futuramente o grupo de pescadores poderá vangloriar-se de conduzir um projeto que levará a palavra sustentabilidade no sentido mais amplo possível, pois, ao gerar renda às famílias, ter possibilitado a inclusão produtiva de uma categoria que antes era plenamente extrativista, e ao consolidar a construção de uma instalação inspecionada para manuseio do peixe, este poderá ser servido nas escolas municipais, e divulgar positivamente o consumo de uma das melhores proteínas animais”.

 

Há possibilidade de estágio de alunos de graduação e estudantes de cursos técnicos em agropecuária de cursos relacionados à produção animal, desde que estes tenham cursado a disciplina de aquicultura/piscicultura ou desenvolvam trabalhos/estágios na área da aquicultura.

 

“O projeto sempre está de portas abertas à recepção do grande público, visto que uma dos objetivos iniciais dele era de servir de unidade de demonstração. Num médio prazo espera-se que este tipo de empreendimento em tanques-rede, torne-se uma realidade nos reservatórios de usinas hidrelétricas no Paraná. Sempre com o objetivo de respeito ao meio ambiente, pois desenvolvimento sustentável deve ser o norte de toda exploração agropecuária”, concluiu Murilo Shibata.

 

O projeto tem a colaboração dos extensionistas locais do Instituto Emater- região de Santo Antonio da Platina: Zootecnista Murilo Shibata – Carlopolis e engenheira agrônoma Mara E. de Castro Pangone – Ibaiti