Santo Antônio da Platina: Mulheres

Mulheres se organizam no território Integração Norte Pioneiro


A organização e mobilização das mulheres do Norte Pioneiro ainda é pequena, mas já começa a dar sinais da sua força. Exemplo disso foi o III Encontro da Mulher Rural, realizado no dia 8 de março, em Pinhalão. Numa parceria das prefeituras de Jaboti, Japira, Ibaiti, Wenceslau Braz, Pinhalão, e Instituto Emater, as mulheres desses municípios se reuniram para discutir temas como o bem estar da família, a geração de renda na propriedade e a capacidade feminina de mudança.



O encontro faz parte do projeto Viva as Mulheres, desenvolvido desde 2010, pelo Instituto Emater junto a agricultoras dos municípios do Território Integração Norte Pioneiro. “Esse trabalho começou com a profissionalização das mulheres. Fizemos diversos cursos, encontros técnicos e organizamos feiras com a participação das agricultoras. Tudo para motivar a organização das mulheres”, explica Cíntia Mara Lopes de Souza, extensionista de Pinhalão. Segundo ela, ainda hoje a participação feminina na gestão das propriedades rurais é pequena. “Muitas vezes a decisão cabe apenas ao homem que é o chefe da família. A mulher e os filhos ficam alheios ao que é decidido”, acrescenta. Segundo Cíntia, a participação das mulheres é maior nas comunidades que têm um serviço de Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural) mais próximo, daí a necessidade de criar um trabalho voltado especialmente às mulheres. 

No Território Integração Norte Pioneiro já existe um grupo informal de 18 mulheres que decidem as atividades de mobilização em nível regional. São lideranças dos municípios do território que estão trabalhando para mostrar a importância da participação feminina na tomada de decisões.

Bons exemplos da força de trabalho da mulher não faltam. Um deles é o da família Cassiano de Souza que tem uma propriedade de 12 alqueires, na comunidade Campina de Pinhalão. Com o falecimento de José Cassiano de Souza, chefe da família, a esposa, a irmã e as duas filhas assumiram a propriedade. Elas enfrentaram muitos desafios. O primeiro foi vencer a desconfiança de que elas não seriam capazes de tocar a propriedade, produzir e vender a produção. “Todo dia aparecia compradores para a terra e ferramentas. Ainda hoje tem pessoas que vem pedir se não queremos vender”, diz Ivone Cassiano de Souza que ajuda a administrar o sítio.

Apesar das ofertas, elas decidiram ficar na propriedade. “Nós trabalhamos na roça a vida toda. Não temos outra profissão. Nós precisamos ficar aqui. Se nós não continuarmos quem vai continuar?”, pergunta Ivone. Tanta força de vontade rendeu frutos. A propriedade hoje tem como atividade principal a cafeicultura e a pecuária começa a ganhar importância. Com a participação no projeto Viva as Mulheres elas iniciaram a produção de artesanato em tecido, com a fabricação de bonecas de pano. No ano passado as mulheres da família Cassiano de Souza levaram sua produção para as Feiras Sabores do Paraná. “Antes a gente trabalhava no escuro. Depois que começamos a participar das reuniões e feiras promovidas pela Emater aprendemos muito. Conhecemos outras pessoas que têm os mesmos problemas e as soluções que encontraram”, observa Rosângela. 

O caso da família Cassiano de Souza comprova que as mulheres podem fazer da agricultura uma profissão de respeito e da mulher agricultura um exemplo de vida. 
FONTE: www.emater.pr.gov.br